A historiadora norte-americana Lynn Hunt relata em seu livro
A invenção dos direitos humanos; uma
história (Companhia das Letras, 2009) o processo histórico do surgimento
dos direitos humanos na consciência dos homens, usando filosofia, crônica
política e história do cotidiano para construir sua narrativa.
No primeiro capítulo, “Torrente de emoções – lendo romances e
imaginando igualdade”, Hunt apresenta uma teoria interessante: romances
populares do século XVIII na França e Inglaterra ajudaram a estabelecer a ideia
de igualdade, ao inspirar a empatia em seus leitores.
A autora analisa especialmente três obras: Pamela (1740) e Clarissa (1747), de Samuel Richardson, e Júlia (1747), de Jean-Jacques Rousseau, romances epistolares que
narram as histórias das personagens títulos. O primeiro, Pamela, trata de uma criada que resiste continuamente às tentativas
de sedução de seu patrão. Ao reproduzir trechos de comentários de leitores reagindo ao livro, Hunt demonstra
que, pela primeira vez, a aristocracia estava se importando e se identificando
com uma personagem pobre e mulher.
Para a autora, esta empatia gerada pelos livros possibilitou
a criação de um senso de igualdade: os romances em primeira pessoa, ao dar ao
leitor acesso à consciência dos personagens, mostravam que todas as pessoas são
fundamentalmente semelhantes quando analisamos seus sentimentos íntimos.
Por Raíza Pacheco
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será postado em breve.