quinta-feira, 26 de junho de 2014

Os romances e a igualdade



A historiadora norte-americana Lynn Hunt relata em seu livro A invenção dos direitos humanos; uma história (Companhia das Letras, 2009) o processo histórico do surgimento dos direitos humanos na consciência dos homens, usando filosofia, crônica política e história do cotidiano para construir sua narrativa.

No primeiro capítulo,  “Torrente de emoções – lendo romances e imaginando igualdade”, Hunt apresenta uma teoria interessante: romances populares do século XVIII na França e Inglaterra ajudaram a estabelecer a ideia de igualdade, ao inspirar a empatia em seus leitores.

A autora analisa especialmente três obras: Pamela (1740) e Clarissa (1747), de Samuel Richardson, e Júlia (1747), de Jean-Jacques Rousseau, romances epistolares que narram as histórias das personagens títulos. O primeiro, Pamela, trata de uma criada que resiste continuamente às tentativas de sedução de seu patrão. Ao reproduzir trechos de comentários  de leitores reagindo ao livro, Hunt demonstra que, pela primeira vez, a aristocracia estava se importando e se identificando com uma personagem pobre e mulher.

Para a autora, esta empatia gerada pelos livros possibilitou a criação de um senso de igualdade: os romances em primeira pessoa, ao dar ao leitor acesso à consciência dos personagens, mostravam que todas as pessoas são fundamentalmente semelhantes quando analisamos seus sentimentos íntimos. 

 Por Raíza Pacheco

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