quarta-feira, 23 de novembro de 2016

A morte e seus diferentes nomes

Descrição para cegos: na imagem há duas mãos apertadas. Uma está com luva
e a outra é de uma pessoa que está sobre uma cama.

Por Gabriel Costa

         Não é difícil ouvirmos falar em eutanásia quando nos referimos a alguém muito doente, com sofrimento intenso, sem chance de cura. Como explica José Roberto Goldim, doutor em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professor na mesma instituição em seu artigo sobre bioética, o termo que vem do grego pode ser traduzido como “morte apropriada” ou “boa morte”, ou, como proposto por Francis Bacon em 1623, “tratamento adequado às doenças incuráveis”.

         A Eutanásia é entendida como a morte provocada em virtude de resguardar o paciente de longo sofrimento. Ela pode ser ativa, quando é gerada a ação de privar a vida do paciente, ou passiva, quando há omissão de ação para evitar prolongar a vida de quem sofre.
De toda forma, a Associação Mundial de Medicina, desde 1987, considera a eutanásia um procedimento eticamente inadequado. Assumir que o médico pode também agir contra a vida, de forma a privar o paciente de dor e sofrimento, seria um atentado à essência médica, que é de proteger e preservar a vida.
A Ortotanásia tem sido utilizado como sinônimo para eutanásia de forma errada. Essa técnica remete, na verdade, ao sentido de utilizar os meios adequados para tratar uma pessoa que está morrendo. Significa atuação correta frente à morte, como cuidados para diminuir a dor nos momentos finais da vida do paciente.
Distanásia e Mistanásia são outros verbetes no dicionário da morte. O primeiro refere-se a morte lenta, com sofrimento, ansiosa, sendo normalmente tido como antônimo de eutanásia. É entendida por prolongamento do sofrimento.
Já a Mistanásia foi um termo sugerido por Leonard Martin, professor titular de Ética na Universidade Estadual do Ceará, e é definido como a eutanásia social. Leonard subdivide a mistanásia em três situações: “primeira, a grande massa de doentes e deficientes que, por motivos políticos, sociais e econômicos, não chegam a ser pacientes, pos não conseguem ingressar efetivamente no sistema de atendimento médico”.
         A segunda situação são os doentes que conseguem ser atendedidos mas se tornam vítimas de erros médicos. A terceira é a má-prática por motivos econômicos, científicos ou sociopolíticos distoantes entre o paciente e o médico. Segundo Martin, “a Mistanásia é uma categoria que nos permite levar a sério o fênomeno da maldade humana”. A definição também está presente no artigo de Goldim.

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