À
luz das manifestações de junho do ano passado, que trouxeram promessas de
renovação política e social, eleitores foram às urnas em outubro eleger
representantes para cargos executivos e legislativos nos âmbitos federal e
estadual. O resultado, no entanto, seguiu para o lado oposto do esperado. De
acordo com o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
(Diap), Antônio Augusto Queiroz, "o novo Congresso é,
seguramente, o mais conservador do período pós-1964".
Tal
resultado representa uma grave ameaça à defesa dos direitos humanos, uma vez
que um dos representantes mais expressivos do conservadorismo que nos aguarda
em 2015 é Jair Bolsonaro. Militar da reserva, o deputado ficou famoso por
declarações racistas e homofóbicas – como dizer que preferia ter um filho morto
a um filho gay – além de defender a tortura e ditadura militar no Brasil. Vale
ressaltar que Bolsonaro foi o terceiro deputado mais votado no País e o campeão
de votos no Rio de Janeiro, estado que também elegeu Jean Wyllys, conhecido por
sua proteção aos direitos humanos, em especial os da comunidade LGBT.
Outro
famoso conservador eleito para o novo Congresso é o pastor Marco Feliciano, um
dos mais votados no estado de São Paulo. O deputado ganhou notoriedade após se
tornar presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, onde protagonizou
momentos de extrema dissonância com a sua posição. Feliciano proferiu
declarações como "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam
ao ódio” e “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé”, sempre se
resguardando numa suposta liberdade de expressão. Por fim, após diversas
manobras políticas, conseguiu enterrar o PLC 122, que equipararia a homofobia
ao crime de racismo, uma das maiores derrotas da comunidade LGBT nos últimos
anos.
O
quadro político já seria bastante desolador apenas com os
dois casos já citados, mas o número de reacionários no novo Congresso é muito
maior. O que esperar dos próximos quatro
anos? Bolsonaro já sinalizou ser a favor da redução da maioridade penal para 16
anos, proposta também defendida pelo candidato derrotado à Presidência, Aécio
Neves, que agora volta ao posto de senador. O futuro é, certamente, sombrio.
(Marco Galindo)
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