A falsa sensação de anonimato
na Internet sempre levou pessoas a se sentirem mais confortáveis para falar,
fazer e mostrar conteúdos que não divulgariam pessoalmente. Nessa onda, o
aplicativo Secret foi criado para promover o compartilhamento de segredos,
prometendo o anonimato apenas de quem postou a informação. O que os usuários
desse aplicativo parecem não perceber é que podem violar uma série de direitos
ao mencionar nomes, profissões, endereços e etc. O site canaltech postou uma matéria alertando
para esse perigo e revelando as ações tomadas por uma das vítimas do Secret. (Carla
Braga)
Antes mesmo de conhecer a rede
social Secret, o consultor de Marketing Bruno Machado, 25 anos, já estava sendo
mencionado nas mensagens anônimas do serviço. Na terça-feira (05), ele
descobriu que havia sido alvo em três mensagens que considerou ofensivas. Além
de uma foto onde o rapaz aparecia nu, outras postagens afirmavam que ele era portador
do vírus HIV e fazia orgia com os amigos.
Como consequência, o jovem
entrou com uma ação na segunda-feira (11) na Justiça brasileira pedindo que a
Apple e o Google bloqueiem o acesso ao aplicativo Secret, segundo o
site G1. De acordo com a ação, o app viola a Constituição Federal, o
Código de Defesa do Consumidor e o Marco Civil da Internet e,
portanto, deve ser banido no país. A defesa pediu que o bloqueio fosse
realizado em 24 horas.
O aplicativo Secret permite que
seus usuários contem segredos de forma anônima na rede, mas, como a identidade
não é revelada, muitos se sentem à vontade para inventar mentiras. O app foi
lançado no país em maio e começou a fazer mais sucesso nas últimas semanas,
sendo líder de download na App Store nas duas últimas semanas.
Inicialmente, o objetivo dos
advogados era solicitar que o Google e a Apple retirassem o aplicativo de suas
lojas virtuais. Mas, dessa forma, os apps já baixados continuariam funcionando,
sendo necessário acionar as operadoras de telefonia. A advogada do caso, Gisele
Arantes, decidiu então por mudanças técnicas, deixando de acionar as operadoras
e concentrando a ação no Google, que fornece o serviço de hospedagem do app.
Segundo a advogada, o próprio
Google tem como impedir o acesso dos usuários ao Secret e seria mais efetivo
concentrar a ação, uma vez que o resultado seria o mesmo.
Machado foi citado em quatro
publicações no Secret. A primeira foi a foto íntima com o nome e local de
trabalho dele. Posteriormente, mensagens afirmando que ele seria portador do
vírus HIV e fazia orgias com amigos, citando os nomes. A última postagem foi
feita após ele ter expressado o desejo de levar o caso à Justiça. Machado
afirma que se sentiu ofendido e muito exposto com a situação.
O advogado Rony Vainzof reforça
alguns pontos levantados pela advogada de Machado. Segundo ele, as pessoas têm
direito de manifestação, mas se isso atingir o direito de um terceiro, será
necessário arcar com as responsabilidades. Para ele, o app, a partir do momento
que permite questões ilícitas devido ao anonimato, está violando a
constituição. Ele ainda afirma que, por conter termos de uso em inglês, o app
não fornece informações suficientes aos usuários brasileiros.
Após conseguir que o app seja
bloqueado, a advogada Gisele Arantes pretende pedir ao Secret que quebre o
anonimato e revele a identidade dos autores das postagens que citaram Machado.
A intenção é que os autores respondam criminalmente por injúria e difamação e,
na esfera cível, por danos morais, sendo exigida uma indenização.
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