Por Aracely Coutinho
“Quando um
paciente agonizante quer a morte, o médico deve cumprir seu dever mais forte.
Deve fazer não o que lhe vem à mente, mas atender um pedido consciente de uma
morte rápida, indolor e decente”. Essa é a fala do médico Jack Kevorkian, o
“doutor Morte”, nos primeiros minutos do filme.
A trama
baseada em fatos reais, conta a história de um médico em busca da legalização
para a eutanásia na década de 1990. Diante de doenças terminais, Jack defende
que o ser humano deve escolher a forma que deseja pôr fim à vida, de forma
digna e sem sofrimento. Para isso, ele busca apoio da irmã e amigos para
prestar o serviço médico aos mais de 130 doentes terminais que o procuraram. As
mortes assistidas aconteciam após uma entrevista gravada para comprovar que os
pacientes não eram clinicamente depressivos. Após isso, substâncias eram
injetadas via intravenosa e o enfermo morria.
Depois do primeiro suicídio assistido, a polêmica acerca do tema se instaurou, principalmente por ser um tema complexo que envolve questões éticas e morais. Jack foi levado ao tribunal por denúncias de suicídio assistido e foi absorvido das acusações. Acabou sendo condenado a 25 anos de prisão, agora por homicídio, por injetar ele mesmo as drogas no paciente que padecia de uma doença que não permitia fazê-lo sozinho.
Eutanásia
vem do grego e significa “boa morte”. São procedimentos para findar a vida de
pacientes em estado terminal ou que sofrem intensamente de dores, sem
possibilidade de reversão do caso. Para alguns, o procedimento não passa de um
suicídio assistido por profissionais de saúde. Para outros, é a salvação para
pôr um fim no sofrimento de doentes que sofrem com dores violentas ou em estado
terminal.
Existe um
limite no uso de medicamentos contra a dor, o paliativo a certo ponto não faz o
efeito desejado. A luta pelo direito de manter a dignidade na hora e forma de
morrer transcende todas as questões morais e éticas com o único objetivo de pôr
fim a um sofrimento.
Discutir o
assunto da eutanásia envolve aspectos delicados como moral, ética, dogmas
religiosos e qualidade de vida. Muitas vezes o assunto envereda no campo
religioso. A chamada morte planejada é rejeitada pela jurisprudência da maioria
dos países. São exceções Uruguai, Holanda, Bélgica, Colômbia, Suíça e alguns
estados dos EUA. No Brasil, egundo o artigo 122 do Código Penal, “induzir ou
instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça” é crime.
Jack
Kevorkian virou símbolo do movimento em apoio à eutanásia. Apesar de retratar a
luta do médico em busca da morte planejada com dignidade, o filme não é uma
campanha pró-eutanásia. Em vez disso, os argumentos de ambos os lados são
discutidos e o espectador, de acordo com suas convicções, toma partido.
Questões
como a pena de morte, legalização do aborto e eutanásia dividem a sociedade. O
suicídio assistido é ético ou moral? Depende do ponto de vista. Na eutanásia, a principal interessada é a pessoa que está
sofrendo. Nada pode sobrepor a vontade do paciente. Não obrigar o doente a
continuar sofrendo é uma questão de dignidade.
Ficha Técnica
Título original: You Don’t Know Jack
Drama / 134 minutos / EUA / 2010
Direção: Barry Levinson
Produção: Scott Ferguson
Roteiro: Adam Mazer
Música: Marcelo Zarvos
Fotografia: Eigil Bryld
Edição: Aaron Yanes
Elenco:
Al Pacino (Jack Kevorkian), Brenda Vaccaro (Margo Janus), John Goodman (Neal
Nicol), Danny Huston (Geoffrey Fieger), Susan Sarandon (Janet Gold).
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