Por
Aracely Coutinho
O filme
baseado em fatos reais conta, em um tom documental, a história de Neto, um
adolescente comum que passa pela fase da rebeldia habitual da idade. Sem
qualquer exame prévio, ele é internado de forma involuntária em um hospital
psiquiátrico após ser flagrado de posse de um cigarro de maconha. O pretexto
para essa internação é desintoxicação e reabilitação.
Lá ele é
tratado de forma agressiva e desumana pelos enfermeiros, que utilizam recursos
como choque elétrico na cabeça, injeções que causam terríveis dores musculares,
isolamento em cubículos escuros, como forma de tratamento e punição pelo mau
comportamento.
A trama
também mostra o arranjo familiar, com um pai conservador, grosseiro e desinformado,
e a mãe submissa ao chefe da família. A preocupação com a reputação da família
por ter um filho envolvido com drogas levou o pai a internar Neto, sem ter,
pelo menos, tentado conversar com o adolescente e procurado conhecer seus
problemas.
“É preciso
fingir, quem é que não finge nesse mundo? É preciso dizer que está bem-disposto,
é preciso dizer que não está com fome, é preciso dizer que não está com dor de
dente, é preciso dizer que não está com medo, senão, não dá. [...] A gente até
precisa fingir que é louco sendo louco”. Ao dizer isso, um dos internos do hospital
entrega a Neto um gorro para que ele “agasalhe a cabeça”. O acessório, que também
é uma metáfora, é chamado por eles de “guardador de ideias”.
O
adolescente, ao tentar se reintegrar à sociedade e ao convívio familiar, tem
que lidar com as sequelas causadas pela sua estadia no manicômio e o
preconceito por ter estado lá. A certa altura, quando de volta ao hospital
psiquiátrico, Neto está tão esgotado mentalmente que tenta suicídio ateando
fogo na solitária.
O lugar que
teoricamente cura, ou pelo menos deveria tratar, acaba agravando ainda mais a
saúde mental do paciente. As terapias que mais parecem torturas, acarretam
graves problemas aos internos.
A Reforma
Psiquiátrica se faz tão importante pelo caráter assistencial que garante ao
paciente o direito a um tratamento digno e humanizado. Uma sociedade
democrática que respeita os direitos humanos precisa se desvencilhar da cultura
manicomial e motivar o convívio com as diferenças.
Ficha Técnica
Drama / 88 minutos / Brasil / 2001
Direção: Laís Bodanzky
Roteiro: Luiz Bolognesi
Música: André Abujamra, Arnaldo Antunes
Produção: Fabiano Gullane, Maria Ionescu
Fotografia: Hugo Kovensky
Elenco: Rodrigo Santoro, Caco Ciocler, Cássia Kiss, Gero Camilo, Jairo Mattos, Luis Miranda, Marcos Cesana, Othon Bastos, Valéria Alencar
Ficha Técnica
Drama / 88 minutos / Brasil / 2001
Direção: Laís Bodanzky
Roteiro: Luiz Bolognesi
Música: André Abujamra, Arnaldo Antunes
Produção: Fabiano Gullane, Maria Ionescu
Fotografia: Hugo Kovensky
Elenco: Rodrigo Santoro, Caco Ciocler, Cássia Kiss, Gero Camilo, Jairo Mattos, Luis Miranda, Marcos Cesana, Othon Bastos, Valéria Alencar
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