quinta-feira, 22 de maio de 2014

Cinza: Nem preto e nem branco

Cena do filme Bastardos Inglórios

Na marcante cena de abertura do filme Bastardos Inglórios (2009), do diretor Quentin Tarantino, o personagem Col. Hans Landa vai à casa de outro personagem, Perrier LaPadite, para interrogá-lo acerca de seus vizinhos, uma família judia foragida, e faz o seguinte discurso:

“Agora, se nós fôssemos determinar qual atributo as pessoas alemãs dividem com uma fera, seria a astúcia e o instinto predador de uma águia. Mas, se alguém fosse determinar quais atributos os judeus dividem com uma fera, escolheria o do rato. Se um rato aparecesse aqui, enquanto falo, você o agradaria com um copo do seu delicioso leite?”.

O comportamento antissemita do discurso acima exemplifica bem a restrição dos direitos humanos e a falta de ética que os nazistas exerceram no início do século XX e pode ser facilmente categorizado como errado. A ética é o valor que define o certo e o errado, ela é o pressuposto da justiça e a sua ausência acarreta violência, marginalização e exclusão. Exatamente o que aconteceu com os judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Porém, tomar decisões éticas é difícil, já que princípios podem se revelar antagônicos. Dizer a verdade e proteger o outro são valores entendidos comumente como éticos, mas você falaria a verdade mesmo se ela revelasse que seus vizinhos judeus estão escondidos embaixo do seu assoalho?

Carla Braga



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