© Jeremy Schultz. Cortesia de Flickr |
Não há como escapar: se vamos discutir os fundamentos de algo, precisamos primeiro de sua definição. Então aqui vai. Direitos humanos são os direitos que garantem uma vida digna a todos os seres humanos. Só isso? Sim, só isso, e é este o grande truque. Alguns direitos podemos obter durante a vida, assinando contratos, assumindo responsabilidades. Para possuir direitos humanos, você precisa, veja bem, apenas nascer. Basta vir ao mundo, em qualquer lugar, e ser de qualquer classe, etnia, sexo, religião.
Se houvesse uma espécie de passe físico dos direitos humanos, você ganharia um ainda na maternidade e ele seria irrevogável, intransferível e vitalício. Seu passe possuiria valor exatamente igual a todos os outros do mundo, e se manteria o mesmo para sempre. Independente de suas ações durante a vida, seu passe não seria desvalorizado. Sua liberdade pode ser tomada, mas sua dignidade não.
Para alguns é uma ideia difícil de se entender, afinal, tudo é avaliado de acordo com seu preço e pouca coisa é permanente em nossa sociedade. Mas essa deve ser nossa realidade.
Raíza Pacheco
Muito bom! Duas coisas me chamaram a atenção. A primeira delas é o plano de abordagem que deságua na deontologia, ou seja, o plano ideal das coisas. Um dos primeiros a utilizar essa abordagem foi Jeremy Bentham acompanhado por John Stuart Mill quando do desenvolvimento da teoria do utilitarismo (tem uma série – disponível no youtube - chamada ‘Justice: What’s the right thing to do?’ que explica isso – dentre outras coisas – de uma forma muito elucidativa). Pra mim é a abordagem mais correta, porém ela é considerada pouco prática (um dos atuais problemas no que diz respeito a aplicação correta das normas e princípios que protegem o homem, a.k.a direitos humanos).
ResponderExcluirEm segundo lugar, quando você fechou o seu texto, dizendo.. “Sua liberdade pode ser tomada, mas sua dignidade não. Para alguns é uma ideia difícil de se entender, afinal, tudo é avaliado de acordo com seu preço e pouca coisa é permanente em nossa sociedade. Mas essa deve ser nossa realidade.”... imediatamente lembrei um pensamento de Immanuel Kant que diz "No reino dos fins, tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem preço, pode ser substituída por algo equivalente; por outro lado, a coisa que se acha acima de todo preço, e por isso não admite qualquer equivalência, compreende uma dignidade."
Isso é muito interessante, pois em síntese, você disse a mesma coisa que Kant em outras palavras, e de uma forma que transpareceu uma opinião pessoal e não a reprodução de um pensamento que você simplesmente aprendeu e concorda.
Parabéns pelo texto.
Rafael D’Angelo