A fraternidade na construção dos
direitos humanos provém da Revolução Francesa. A tríade igualdade, liberdade e fraternidade gerou desdobramentos
diversos, que no contexto dos direitos humanos modernos precisaram confluir
para formar a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
Assim como a liberdade influenciou a doutrina liberal, e a igualdade, a socialista, o conceito de fraternidade corresponde também a um projeto sócio-político. O
diferencial é que a ideia do fraterno tanto forma quanto é formada pela
doutrina social cristã de fraternidade. O cristianismo social, em manifestações
como a Teologia da Libertação (Leonardo Boff, Gustavo Gutierrez), reflete a
forte mensagem bíblica do chamamento à irmandade e à compaixão pelo
necessitado.
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“Liberdade sem fraternidade é o cenário para a barbárie” - Imagem:
Flickr - K.G.Hawes
O pensamento cristão é que o homem foi
criado por Deus, à sua imagem e semelhança, e esta é a razão de sua dignidade
intrínseca. A doutrina moderna dos direitos humanos pode ser considerada,
portanto, uma “secularização” (apropriação de algo do meio sagrado,
transportando-lhe para o meio secular, laico), isto é, uma tradução de uma
ideia religiosa para termos leigos e racionalistas dos princípios que
estabelecem a dignidade do homem como inerente, graças ao fato de ter nele
mesmo a imagem e semelhança de Deus.
Nem todos são cristãos e creem na
Bíblia, e a liberdade de crença é um direito humano. Por que a fraternidade é
importante, então? Os direitos de liberdade preveem proteção para que o homem
possa fazer aquilo que deseja. Os de igualdade, a garantia (através do Estado)
de que todos os homens tenham as mesmas condições para exercer tal liberdade.
Todos merecem liberdade e igualdade de direitos e oportunidades, mas a
realidade não corresponde a essa verdade teórica. A fraternidade entra com o
fator da compaixão; para que o homem, enquanto cidadão e “Estado” (por
representação) jamais se perca dos direitos dos outros cidadãos, pensando
naquele que está privado de dignidade, ainda que você não esteja. (Marcela Agra)
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